sábado, 16 de março de 2013

A Escrita e o Software Livre

Farto do Windows e não sendo fã da estética Apple, há alguns anos decidi adoptar o Linux como meu único sistema operativo e nunca mais olhei para trás. Cerca de 80% do software que uso hoje é livre, sendo o restante 20% software proprietário, mas disponível gratuitamente de forma legal. Mas esta mudança trouxe alguns desafios a nível da escrita, nomeadamente no que diz respeito ao envio de ficheiros para os diferentes projectos em que tenho participado.

Geralmente, a ferramenta mais importante para um escritor é o processador de texto, e normalmente usam um incluído num "office suite". A maior parte das pessoas prefere usar uma versão pirata do Microsoft Office (o "office suite" mais popular), porém, tenho notado um interesse e uso crescente (se bem que tímido) do Libreoffice e do Openoffice (os mais populares "office suites" de código aberto), não só em Linux, mas também em Windows e Mac OS X. Pessoalmente, uso o Libreoffice, que faz tudo o que preciso, mas também trás alguns problemas a nível do formato dos ficheiros. Embora seja capaz de criar ficheiros .docx (o standard actual no Microsoft Office), não o faz particularmente bem, podendo criar vários problemas (são demasiados para enumerar) quando abertos no Word. Como tal, editores e organizadores de publicações deviam coibir-se de exigir em exclusivo este formato ficheiro, sobe pena de excluírem utilizadores de software livre. Os antigos ficheiros . doc serão uma boa escolha (o Libreoffice e o Openoffice podem ter alguma dificuldade a salvar ficheiros mais complexos neste formato, mas como a maioria dos autores de ficção só precisam, na pior das hipóteses, de alguma formatação básica, em princípio não terão problemas) e os .rtf ainda melhor. O ideal, porém, será fazerem como faz, por exemplo, a nanozine, e aceitar ficheiros .odt, o default da maior parte de "office suites" de código aberto, e que o Microsoft Office é capaz de abrir desde o Service Pack 2 da versão 2007.

Mas se o problema do formato de ficheiros é relativamente óbvio (razão pela qual muitas publicações só aceitam ficheiros.rtf), existe uma outra questão menos óbvia, mas igualmente (ou mais) importante: a das fontes. Como muitos saberão, a fonte que o Microsoft Office agora usa por defeito é a Calibri, razão pela qual já existem algumas publicações que exigem o uso desta fonte nos manuscritos que lhes são enviados. Os termos de uso da fonte Calibri (e de outras introduzidas na mesma altura), porém, possui termos de uso muito restritos, não sendo permitido o seu uso fora de aplicações da Microsoft. Isto cria um problema não só a utilizadores de Linux, mas também aos de Mac OS X que não tenham a versão para Mac do MS Office, pois, embora não seja difícil arranjar a fonte para estes sistemas e usá-la num "suite" de código aberto, são obrigados a cometer uma ilegalidade para cumprir os requisitos dsa publicações. Neste caso, deviam exigir fontes como a "Times New Roman" que, embora pertença à Microsoft, tem termos de uso mais permissivos e são triviais de instalar em sistemas operativos que não pertencem à Microsoft.

Espero que este meu post sirva de alerta para os editores e, assim, ajude a destruir algumas das barreiras que impedem os escritores de trabalhar com software livre.

Sem comentários:

Enviar um comentário