sábado, 28 de dezembro de 2013

Continuum - Segunda Época (2013)


Continuum é uma série de ficção científica canadiana filmada e passada quase exclusivamente em Vancouver. A uma primeira época relativamente banal, onde apenas se teve um pequeno vislumbre da moralidade cinzenta da série, seguiu-se uma segunda época que não só me pareceu largamente superior, como é diferentes da maior parte da oferta televisiva do género.

Não esperem ter aqui espectaculares cenas cheias de efeitos especiais (se bem que tem os seus momentos). Por outro lado, também não se trata de FC Hard, pois os desvios da ciência consensual são mais do que muitos. O forte da série está mesmo nas personagens e na relação entre elas. As "facções" são mais do que muitas e encontram-se em constante mutação. Juntam-se, separam, aparecem e desaparecem, muitas vezes no decorrer de poucos episódios. As personagens, por seu lado, têm todas os seus próprios objectivos e interesses, que nem sempre coincidem com os da "facção" a que pertencem. E mudam e crescem bastante no decorrer da história. Não existe aqui um "status quo" ao qual regressar no fim de cada episódio.

Embora não seja das mais badaladas série de FC e F do momento, recomendo que invistam algum tempo a ver um ou dois episódios, de preferência da segunda época. Quem sabe se não tornam fãs como eu.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal



A Canção Errante de Natal
por Joel Puga

Com o som de flautas, a canção abriu os olhos. Estava num parque, rodeada de crianças a brincar e pinheiros cobertos com luzes multicoloridas.
Conforme as flautas construíam um crescendo, ela elevou-se acima da copa das árvores. Durante uns segundos de silêncio, ali ficou, parada, observando a cidade. Depois, iniciou-se uma batida ritmada, e a canção voou avenida abaixo. Havia pessoas por todo o lado, admirando as luzes nos arcos e nas fachadas dos edifícios, e, sempre que se cruzavam, diziam “Feliz Natal”.
Uma voz começou a cantar, acompanhando a batida, e a canção entrou num apartamento. Passou pelo pinheirinho, ornamentado com bolas, faixas e estrelas, e pelo pai, que preparava e decorava a mesa, até que chegou à cozinha, onde se sentia um cheiro a mel e a canela, e a mãe, ajudada por um rapaz e uma rapariga, preparava varias iguarias.
 Mal saiu do apartamento, a canção sentiu um forte impulso de ir para norte. Acima das nuvens, anjos contavam o pré-refrão, enquanto ela voava à velocidade do som.
Chegou ao pólo-norte, avistou a enorme fábrica do Pai Natal, e o refrão começou. Num gigantesco hangar, uma legião de diminutos elfos carregava com prendas centenas de trenós e alimentava as respectivas renas. Não muito longe, num anfiteatro, o Pai Natal original instruía os seus inúmeros clones e atribuía a cada um uma pequena parte da Terra. A canção até passou pela fenda que ligava o nosso mundo ao da imaginação, por onde, durante todo o ano, passavam os robôs gigantes, os dinossauros, os póneis cor-de-rosa e tudo o mais que os elfos usavam como modelo para os brinquedos que fabricavam.
O refrão terminou, e a voz começou a cantar um novo verso. A canção voltou ao sul, à cidade, onde a noite já havia caído. Pessoas sozinhas, casais, famílias inteiras andavam nas ruas, dirigindo-se às casas de familiares ou amigos. A canção viu-os ser recebidos com abraços e beijos, aos quais eles retribuíam com garrafas de vinho e travessas cheias de rabanadas, filhoses e sonhos.
No início de um novo pré-refrão, a canção entrou numa das casas. Viu adultos a falarem à volta da mesa, enquanto crianças brincavam debaixo dela. Alguém chamou da cozinha e alguns dos adultos deixaram a sala, voltando pouco depois com travessas cheias de bacalhau, polvo e peru. Todos se sentaram à mesa. Uma das mães acendeu as velas. E o refrão começou.
Durante horas, ficaram ali sentados, a comer, a conversar, a cantar músicas de Natal. No fim da refeição, ficaram em silêncio a ver um filme familiar. Até que chegou a hora das crianças irem para a cama. Os visitantes partiram, voltando para os respectivos lares, enquanto a mãe da casa foi deitar os filhos. Estes, a princípio, não conseguiam dormir, entusiasmados com as prendas que os esperariam de manhã no sapatinho, mas o cansaço acabou por os vencer. O refrão deu lugar ao solo. Durante a noite, todos os instrumentos conhecidos do homem tiveram o seu momento de ribalta.
A canção desceu à sala, chegando mesmo a tempo de ver um dos clones do Pai Natal teletransportar-se do telhado. Do saco, tirou duas prendas, pousando uma ao lado de cada um dos sapatinhos em cima da lareira. Depois, voltou a desaparecer.
Ao raiar do dia, as crianças acordaram, dando início ao refrão, correram escadas abaixo e abriram as prendas. Durante toda a manhã, brincaram com os novos brinquedos, enquanto o refrão se repetia uma e outra vez. Depois, chegou a hora do almoço. Com um talher numa mão e o novo brinquedo na outra, comeram as sobras da noite anterior, enquanto os pais se deliciavam com um prato de roupa velha.
O almoço prolongou-se até meio da tarde, quando os pais começaram a limpar a mesa. Foi então  que todos se aperceberam de que o Natal estava a chegar ao fim.
A última repetição do refrão deu lugar ao som de flautas. Exausta, a canção deixou a casa e flutuou de volta ao parque. Deitou-se debaixo dos pinheiros e, aos poucos, fechou os olhos, ansiosa por acordar de novo no próximo Natal.

FIM

sábado, 21 de dezembro de 2013

O Hobbit: A Desolação de Smaug (2013)


Novamente, a minha única visita ao cinema do ano foi para ver mais um dos filmes da trilogia "O Hobbit". Não dou o tempo nem o dinheiro por perdido, se bem que devo confessar que preferi o filme anterior (cuja versão estendida vi pouco antes da minha ida ao cinema).

Visualmente, o filme é irrepreensível e penso que nesse aspecto supera até a trilogia de "O Senhor dos Anéis". Das fantásticas paisagens ao colossal Reino Debaixo da Montanha, passando pela cidade dos elfos e Esgaroth, tudo forma um cenário épico além de tudo o que me lembro de ver em cinema. E o mesmo pode ser dito da banda sonora e dos efeitos especiais. E, como na trilogia de "O Senhor dos Anéis", a atenção prestada aos detalhes cria um mundo de tal forma realista que nos puxa eficazmente para dentro da história.

Porém, pelo menos para mim, o grande defeito estava no guião, em particular no excesso de cenas de luta. Estas estavam bem feitas, se bem que tinham alguns momentos um poucos exagerados, e possuíam um sentido de humor muito próprio, mas tomavam de tal forma conta da narrativa que esta mais parecia uma sequência de lutas interligadas do que uma história. Também não gostei particularmente do final. Embora não seja particularmente difícil de deduzir, mesmo para aqueles que não conhecem o livro, o que vai acontecer a seguir, gostava que este filme tivesse tido um melhor fecho, como o filme anterior.

Apesar dos elementos que não apreciei no filme, divertiu-me imenso. Que mais não seja, merece ser visto pela maneira como explora e expande a versão cinematográfica Terra Média. Se são fãs de fantasia épica, é um filme a não perder.